quarta-feira, 11 de julho de 2018

Queixumes

Onde estás, meu amor, meus vagares
Me distraem, me bagunçam teus passos,
É no mar que escondes teus rastros?
Ou nos montes guardada aos altares

Qual u'a deusa que rogo em crer
Na alta noite em que sonho com flores?
(Devaneios, magias, amores,
Peito alvo, brandura a arder).

Onde estás, meu amor, paradeiro
De utopias, teu corpo liberto
Ombreando meu talhe deserto,
Fantasia de um dia faceiro,

Um dia? - não, quero uma vida!
Pois a mim, um amor só me basta,
Se tragédia, Medéia ou Jocasta,
Tanto faz, pois vivo qual deicida

Aguardando um amor redentor.
Um amor bem real, com problemas,
Mas também com beijos, poemas...
E, sou fraco, um amor com transpor!

Onde estás, meu amor? bicho fero
É a mim que eu teimo a domar,
Entregando-me a cada olhar
Fugidio no entregar-me sincero

A mulher que ainda não tenho.
Que é fibra, riqueza e coragem,
É beleza, arrojo, imagem
De um ato heroico de antanho.

Onde estás, meu amor, heroína,
Desses tempos sombrios de viver,
Em que nascer mulher é sofrer,
Em que a força é toda feminina?

Onde estás, meu amor, minha menina,
Eu te rogo, venha proteger-me,
Eu sou frágil, vivo a esconder-me,
Suplicando, onde estás, minha carmina?!





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