terça-feira, 3 de julho de 2018

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viver uma vida sem ela
é morrer sem ter crendice,
ter no olhar uma remela
que deixa em plena doidice

minha cuca; mas doido sou são,
pensando na boca dela,
sonhando com a sedução,
com uma casa sem janela,

sem porta, uma fortaleza,
onde eu fosse um sultão
E ela fosse uma princesa,
Nós dois de dadas as mãos,

Nós dois em salivação,
Naquela casa quentinha,
Onde era sempre verão
Pois nem janela não tinha.

Ai da minha vida sem ela!
Hoje sem eira nem beira,
Eu vivo nessa mazela
De ter que escrever uma besteira

No tempo que tenho livre,
Quando não estou a rezar
Para então que ela me livre
Uma carta, um telefonar,

Dizend'os tempos vividos,
Tempos de plena loucura,
Não desse doido varrido,
Do nosso amor de doçura,

Que diga ter um castelo,
Faltando um cavaleiro,
De coração meigo e belo,
E amador por inteiro.

E o cavaleiro sou eu,
Um bobo alegre infante,
Querendo do mundo o céu,
Montado num rocinante,

Diga da minha loucura,
Que é coisa de alma bonita,
Alma tão rara, tão pura,
Mais rara que uma pepita

De ouro ou alazão ligeiro.
Raro como ter escuta,
Amigo, um companheiro,
Em mundo de luto e luta.

Ela, florzinha de espinho,
Queira também o meu cheiro,
O meu calor, meu carinho
Que sonha em domar seu veiro.

(Gosto, me firo e mais quero
Sentir a pele macia
Da dona do sonho fero,
Na cama, mato, bacia...)

Isso ela me dizia,
No meu sonho atormentado,
Mas nada, nada existia,
Apenas meu olho inchado.

Que falta, como é ruim!
Amar, não ser o amado,
Gostar e não ter pra mim
Seu beijo apaixonado...

Então, doidice, eu prossigo,
escrevendo esses versinhos,
Para que eu siga consigo
Mesmo seguindo sozinho.


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