Quando embrenhastes em meu corpo
Com tua leve audácia juvenil
Encheste e verteste o copo
De vida então nada vazio.
A luz e teu seio desnudo
Lembranças da mais bela tarde
que tu em ligeiro descuido
deste-me teu ventre que arde
Nosso amor, a volúpia escrita,
Decifrou tua foz, o teu leito,
Arrancando da voz, o proveito,
Da garganta, o gozo que grita.
Em tua notável ausência,
Fugidia, mulher sempre livre,
Relembrei todos versos que tive
Embalando a nossa ardência.
"Torna a meu leito, Colombina!
Não procures em outros braços
Os requintes em que se afina
A volúpia dos meus abraços
Os atletas poderão dar-te
O amor próprio das sevícias
Só eu possuo a ingênua arte
das indefiníveis carícias..."
Das delícias e das delícias!
Lamber tua carne que é dura,
Cocegar tua fina cintura,
O sonho que tanto me afeta.
Retomar a nossa ardidura,
Em lábio beijar a costura,
- teu sorriso que é minha meta.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
sexta-feira, 18 de abril de 2014
Noite Ocídua
a L.
Ocídua a noite
entrega a língua tua
passos, tatos, restos, rua.
Ocídua a noite
chegando já ao ocaso
danos, panos, somos, caso.
Ocidua a noite,
no teu ranger de dentes
ai, rogo, não mais me tentes.
Oh, dama, da noite ocídua
abriga-me em teus braços
que o mundo se harmoniza
Recosto é minha espádua
de teu cansaço e alegria
carrego em minha anágua
o corpo denso, a língua macia.
Oh deusa, tão linda e breve,
ocídua tal como a noite,
lanço-me em teu corpo leve
pois temo que tu se amoites.
Se amoitares o meu amor
na tua boca bem decídua
não duvides, não foi pouca
nossa noite, noite ocídua.
domingo, 13 de abril de 2014
Dia do Beijo
Enquanto festejou-se o beijo
bocas secas fremiram de pavor
e a cólera foi me colorindo,
cresceram até comichões na minha carne,
houveram culpas pecados lamentações,
viúvas choraram e as moças abandonadas na Central Do Brasil
reclamaram da pouca felicidade, da infância sofrida e do amor
tchau
bocas secas fremiram de pavor
e a cólera foi me colorindo,
cresceram até comichões na minha carne,
houveram culpas pecados lamentações,
viúvas choraram e as moças abandonadas na Central Do Brasil
reclamaram da pouca felicidade, da infância sofrida e do amor
tchau
Aos que tem outra boca,
uma boca pura e cara,
o encaixe mais-que-perfeito,
aquela cachaça humana,
que nos abana no calor
e no frio nos inflama,
ah... uma cura, uma criatura,
não entendem a inquietude da perda.
Não é uma perda amorosa, pobre homem, entenda!
É a dor humana, estúpido:
Hoje um menino foi espancado e deixou sua mãe sem beijo em casa,
É quase maio, as mães-viúvas são velhas
e o beijo da morte é o único que lhes resta!
Brecht, salve-me, você estava certo:
não podemos falar de beijos ou de flores
se os beijos só trazem dores
e as flores só mais aperto.
Hoje foi dia do beijo, disseram-me
Ainda espero pelo meu beijo
o beijo que alargará meu pequenino coração.
Não o beijo que anima a poesia,
aquele que sustenta a luta,
uma boca Clara, uma boca Rosa.
Neste meu coração drummondiano
não cabem nem as minhas dores mesquinhas e estúpidas.
Preciso alargá-lo. Preciso torná-lo flecha.
arremessá-lo ao ponto mais longe do mundo e recolher
a humanidade e seus escolhos.
E beijo a moça, e beijo o fraco, e beijo o faminto,
e te beijo também, pois também sou fraco e tenho fome.
Beijo tua boca ferida, beijo a vida,
beijo e sinto o cheiro do ralo.
beijo e sinto o cheiro do ralo.
No dia do beijo, rogo-lhe tua boca Frida,
que se a tiver já não mais me calo!
sexta-feira, 4 de abril de 2014
Nas coisas
nas coisas, gosto de ver o que as ultrapassa
para além da função primária,
primata,
o que nos assalta, o que não nos passa
à primeira vista.
no riso, o que nos mata.
na morte, o que arrebata.
na ode, o ódio
na pódio, o tédio.
o lodo, a lata.
não ver mais meio
ver mais teu seio
ver meu anseio
de ver.
Poesia é isso:
olhar o mundo e enxergar sorriso.
para além da função primária,
primata,
o que nos assalta, o que não nos passa
à primeira vista.
no riso, o que nos mata.
na morte, o que arrebata.
na ode, o ódio
na pódio, o tédio.
o lodo, a lata.
não ver mais meio
ver mais teu seio
ver meu anseio
de ver.
Poesia é isso:
olhar o mundo e enxergar sorriso.
terça-feira, 1 de abril de 2014
Minha poesia
Tracejando
em
compassos
Meus
passos buscam
teus
finos traços
Meus
braços,
teus
castos abraços.
Onde
andarás?
meus olhos
pedintes
veem todas
as passantes
curiosos.
curiosos.
Todos são
felizes menos eu?
Nas redes
sociais,
sorrisos, poses, haikais.
sorrisos, poses, haikais.
É normal
ser tão sozinho?
.
.
.
Vejo os
casais pelas ruas
comparo-me
com os homens
armadilhas
do amor:
sou
péssimo autor, tosco poeta.
Na balança, o pendor
sempre me afasta, nunca te afeta.
Uma companhia, apenas.
Mãos, lábios, tatos e
queimaduras.
E nada mais.
Ou talvez a morte
Portanto, ouvi-me,
moças!
Beijo-as
todas
com os
olhos.
Se me
beijares na boca
- e isto é
um convite -
contigo,
seria amor.
Estranho,
mas o nosso amor.
Não me
acolhes nunca.
Nem sei
quem tu és
A luminosa
étoile du ciel
ou a linda
flor do cerrado.
Cerradas
as minhas pálpebras
abertas as
minhas asas
convido-te,
convido-as.
Sei-me
sozinho
e isto me
afeta,
dá-me até
azia.
Moça,
suplico:
sou teu
poeta,
seja minha
poesia?!
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