O manto que cobria
A volúpia de nossas
noites
Foi esquecido num banco
de praça
Sem nome, sem fome, sem
graça.
O riso que frequentava
Nossas bocas, meio
gozo,
Meio gaza,
Rasgou-se em tua
alegria
Fria.
Até então o amor se
punha prenhe
Em nossos ventres
sedentos
Nos sussuros, nos
nossos sopros, nos nossos ventos
Voou como passarinho,
abandonando minha passárgada
(Não tive mais na
cama a mulher que desejava)
O calor inflamava
A tua bochecha rosada
De prazer, vergonha e
pavor
- Eu a provei.
Quando convidei-a
novamente
Dentes rangendo,
arrefecendo, pleurando,
A bebida amarga da
coragem e o peito dilacerado.
Não. Longínquo.
Eis aqui um tormento.
Destes que se deixa em
balcões de padaria.
Mas não penses que
perderei a vida
Lamentando o que a nós
faltou.
Amar vale a pena.
Viver vale a pena.
Sofrer vale a pena.
Azar no amor. Sorte no
poema.