frases curtas
cortadas
estilhaçadas
passadas a navalha
como para dar gravidade a muita
banalidade
não fazem poema.
no máximo, morfema,
usualmente, blasfema.
terça-feira, 29 de maio de 2018
Poema menor
olhar que olha,
olhar que cria.
a língua molha,
o corpo esfria.
olhar que olha,
olhar que cria.
a flor desfolha,
o ufano desfila.
olhar que olha,
olhar que cria.
o tempo arrolha,
tampo esvazia.
olhar que olha
e nada vê.
custa a crer
na crosta crua.
olhar que olha a lua.
olhos na pele nua.
moço torto na rua.
(só me acuda se meu olhar criar
versos de auto-ajuda)
olhar que olha,
olhar, criatura:
a poesia
e a loucura.
domingo, 27 de maio de 2018
Poème bohème
Il y a des poèmes.
Il y a des bohèmes.
Usuellement ils sont ensembles:
Comme sont la croix et la peine.
Il y a des bohèmes.
Usuellement ils sont ensembles:
Comme sont la croix et la peine.
Cólica Premonitória
cólica premonitória,
prevejo o abandono
devagar em uníssono,
cadmo e admoestatória.
trágico laço único
é vida é rua é passo
é disfarce ou traço
que pune e púnico.
lânguida moça lúbrica
de ancas bem deslizantes,
tua face, tuas covas amantes,
nunciaram singela rúbrica.
inscrita noutro registro,
outro nome não nosso,
registro feito no osso
futuro é fatum sinistro.
cólica now rogatória!
curvo meu eu sobre o teu
suplico, do mundo escória
serei sem carinho
sou breu.
prevejo o abandono
devagar em uníssono,
cadmo e admoestatória.
trágico laço único
é vida é rua é passo
é disfarce ou traço
que pune e púnico.
lânguida moça lúbrica
de ancas bem deslizantes,
tua face, tuas covas amantes,
nunciaram singela rúbrica.
inscrita noutro registro,
outro nome não nosso,
registro feito no osso
futuro é fatum sinistro.
cólica now rogatória!
curvo meu eu sobre o teu
suplico, do mundo escória
serei sem carinho
sou breu.
sexta-feira, 25 de maio de 2018
Instapoet
I want to be an Instapoet.
I want to make few beautiful verses.
I want to distract you from our miserable life
With passions and loves that I never had.
But I can't!
I need a real woman to love,
I need to cry our disease,
I need to show you my disgrace.
And maybe after all,
I will have a poem.
And I will be a poet
As the poets from the old times.
I want to make few beautiful verses.
I want to distract you from our miserable life
With passions and loves that I never had.
But I can't!
I need a real woman to love,
I need to cry our disease,
I need to show you my disgrace.
And maybe after all,
I will have a poem.
And I will be a poet
As the poets from the old times.
quinta-feira, 24 de maio de 2018
Soneto do amor presente
Nunca dantes nos amores passados
Houvera dor como a do amor presente
Eis postura de um vil penitente,
Medo deveras de um autopecado...
Nunca! Eis medo, o abandonado,
Filho da porfia, vilã da ardura,
Faz-se presente na vida madura,
Que se entrega sendo um violentado.
Amores, sabores, quais bens nos trazem,
Se sempre nos ferem e queremos mais?
Será medo da solidão mordaz,
Será o triste langor da vida nua?
Sei que há apenas a lembrança tua,
Que restará onde os sonhos jazem.
Houvera dor como a do amor presente
Eis postura de um vil penitente,
Medo deveras de um autopecado...
Nunca! Eis medo, o abandonado,
Filho da porfia, vilã da ardura,
Faz-se presente na vida madura,
Que se entrega sendo um violentado.
Amores, sabores, quais bens nos trazem,
Se sempre nos ferem e queremos mais?
Será medo da solidão mordaz,
Será o triste langor da vida nua?
Sei que há apenas a lembrança tua,
Que restará onde os sonhos jazem.
quarta-feira, 16 de maio de 2018
Diálogo Ideal
Espero que tu me entendas:
Eu entendo a tua dor.
Que ainda há uma contenda
E há tristeza, meu amor.
Há coisas que permanecem,
E outras que não dão paz,
Há erros que adormecem
E há outro que é vivaz.
Não há tempo, só há dores,
Nem soluços são bastantes,
Mas, lembra, há meus amores,
Meus abraços confortantes;
Errei, eu sei, tolamente,
Amor, fui desesperada
Calar teu amor, debandada,
Errei com o corpo; e... "mentes"?
Não, falo a ti verazmente,
Do meu profundo mais ocre,
Feri-te, fiz teu massacre,
Mas amo-te tão lealmente,
Que quem feri foi a mim,
Odeio aquilo que fiz,
O homem com quem perfiz
A dor que deixa em coxim,
O homem, aquele que amo,
Por quem me disponho a lutar,
Respeito o tempo e clamo,
Carinhos dar-te-ei pra curar.
Amor, pois agora esparramo,
Pois amo e sei te amar.
Eu entendo a tua dor.
Que ainda há uma contenda
E há tristeza, meu amor.
Há coisas que permanecem,
E outras que não dão paz,
Há erros que adormecem
E há outro que é vivaz.
Não há tempo, só há dores,
Nem soluços são bastantes,
Mas, lembra, há meus amores,
Meus abraços confortantes;
Errei, eu sei, tolamente,
Amor, fui desesperada
Calar teu amor, debandada,
Errei com o corpo; e... "mentes"?
Não, falo a ti verazmente,
Do meu profundo mais ocre,
Feri-te, fiz teu massacre,
Mas amo-te tão lealmente,
Que quem feri foi a mim,
Odeio aquilo que fiz,
O homem com quem perfiz
A dor que deixa em coxim,
O homem, aquele que amo,
Por quem me disponho a lutar,
Respeito o tempo e clamo,
Carinhos dar-te-ei pra curar.
Amor, pois agora esparramo,
Pois amo e sei te amar.
sexta-feira, 11 de maio de 2018
Soneto da messe
Ela um dia disse-me adeus.
Ai, Deus, então, pus-me a rogar,
- Se ela um dia me abandonar
Pedi, senhor, levai-me aos céus.
Ela me disse não é amor.
- Amor, que dizes? quanto desvão,
Se eu curo em ti a solidão
E cura em mim meu dissabor,
Nunca se sabe enfim ao certo
Ou com acerto o que nos há;
Só uma certeza o amor dá
Quando te pego e te aperto,
Quando me beija e me entorpece:
Não há mais pressa, nem há prece.
Ai, Deus, então, pus-me a rogar,
- Se ela um dia me abandonar
Pedi, senhor, levai-me aos céus.
Ela me disse não é amor.
- Amor, que dizes? quanto desvão,
Se eu curo em ti a solidão
E cura em mim meu dissabor,
Nunca se sabe enfim ao certo
Ou com acerto o que nos há;
Só uma certeza o amor dá
Quando te pego e te aperto,
Quando me beija e me entorpece:
Não há mais pressa, nem há prece.
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Ave Dea
Corpo alvo, clara e bela,
Composta - que deus me ajude!-
Do nívio fim que mazela,
Lumia tua brancura
Amentando o desdém;
Que pra vida não há cura,
Só há lira e vintém.
Vizinhos somos do além.
Composta - que deus me ajude!-
Do nívio fim que mazela,
Da tristeza plena e rude.
Lumia tua brancura
Amentando o desdém;
Que pra vida não há cura,
Só há lira e vintém.
Vizinhos somos do além.
Ela, que em tudo avém,
Bela, qual luz em Belém;
Eu, em minha decrepitude,
Pois jovem nada me almude,
Alma de Matusalém.
Alma de Matusalém.
Assinar:
Postagens (Atom)