a Joaozinho Gomes
O homem é sonho de uma sombra,
Zumbi, que zomba, em tempo inteiro,
Soçobrando; Feito morteiro,
em veste de alfambra, o homem morre.
O homem nem lembra - e foi penúria,
Passou o tempo, sem passear,
pestanejando, e em um piscar
Foi pra Coimbra, fazer um corre...
E não socorre! Virou penumbra,
Virou pesar.
O homem morre.
Não tem saída. O homem
Morre. Como o poema,
Como o poeta, que quer comer
Este verso de Píndaro.
(E tenta se salvar com aquele que não se salvou
Da morte)
O homem é puro corte,
Pura coorte.
Pura sorte de uma sombra
Que pode sonhar.
Esta sombra sonha que é um homem,
E o homem, que assombra a sombra,
Lembra:
O homem é sonho de uma sombra
Até a penumbra o enlevar.