Um dia ainda me lanço
Para o lado da inconsistência;
Naquela virá o remanso,
A sede, a dança e a urgência.
Um dia ainda me apego,
Me pego, me embrulho, me como,
E me afirmando, me nego.
E me libertando, me domo.
Um dia ainda te entrego
Minha vida mesquinha, o mundo...
Às vezes me acho um cego
De verso bem vagabundo...
Um dia ainda me trincho
Como aqueles pobres diabos
Que tem na voz um relincho.
Um dia – juro! - me acabo!
Um dia ainda encontro,
Um ponto, um conto, só meu.
Então eu irei ao confronto
Do mundo: este fariseu.
Um dia ainda te enfrento
Oh, jovem, estúpido e vil
Que dá mais valor ao quadril
E zombas do meu pensamento.
Um dia ainda me zombo,
Um dia não serei sozinho,
Um dia... um dia... Um tombo.
Terei a paz no meu caminho.
Um dia ainda me lanço
Para o lado da morte imensa.
Pois nela virá o remanso
Desta minha busca infensa.