segunda-feira, 5 de março de 2018

Não serei poeta de multidões

Não serei poeta de multidões,
Nem farei multidões de versos.
Nem marginal com meus botões,
Menos ainda serei o anverso.

Fortuna crítica, não a terei,
Nem a desejo, sou disto avesso,
Cansei-me cedo de toda lei,
Se logo a vejo, me enfureço.

Contar a ti meus sentimentos
Com um sofrimento tão anormal,
Forçando tanto um ornamento
Pr'uma emoção tola e trivial?

Não! quero estar nas ruas, nos muros, favelas,
dos banheiros na porta, guardanapos e telas.
(Misturo Ovídio com Jean d'Ormesson,
Riso prazeroso em uma bela oração....
Creio em profetas, mas eu os matei,
Bem sei, no primórdio, primeira era a Lei)
E quando me lerem os calças de flanela
Murmurem impropérios, que isto me chancela!



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