terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Carmina (ou Do charme)
Há muito tempo adotamos em português a palavra "charme" para designar alguém ou algo que possui uma inexplicável atração estética sobre nós. Isto ou aquilo é charmoso.
Etimologicamente, desconheço se em português foi desta forma, mas em francês "Charme" é uma tentativa de transcrição da palavra latina "Carmen". Paul Valery a adota e nomeia uma obra sua como "charmes".
Carmen, Carmina em latim é como se diz "os versos", em sentido amplo, a poesia. Estas palavras se formam do verbo "canere", que é cantar, fazer compreender um som; mas também podem significar uma profecia, a resposta oracular, uma palavra mágica.
Em grego se dizia que o poeta era um "enthousiaste", ou seja, assim como os oráculos, estava possuído pelos deuses. E foi esta noção que sobrevive na poesia latina e até em Ronsard, para quem o poeta era um inspirado.
Uma pessoa charmosa não seria aquela que nos soa como poesia, como um verso mágico, como uma beleza incompreensível e que nos encanta de maneira oracular? O próprio ensaio de explicação já torna o charme charmoso, poético.
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