segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Tema do poema

Ao tema do poema,
Meu riso de hiena,
Meu escárnio triste,
Meu corpo despido.


Nas palavras, adiste,
No corpo, gangrena,
É o tema do poema.
Como pode ser safena
Do meu pobre coração,
Se quanto mais lembro,
Mais pena
O vulto, a vela, O varão?


O calor ríspido invade,
Corro a porta,
Perco o timão,
Eis a minha tormenta torta!
A minha dissecação!


Seca, sapeca, amena,
Sem cor, sem doce, melena:
O tema do meu poema
É o tema da minha vida.


A língua amansa,
O corpo dança,
A mente trai.



Quem dera o poema
Fosse apenas 
um haikai.


Mas... Eis o tema!
Um grito me sai!
E envenena...
Obscena,
Olha-me envenenado,
Meu rosto todo marcado
E a face toda serena.


Meu tema,
meu time, teima,
Queimando as doces lembranças.

Se ainda fosse criança...
Gostaria que comigo teimasse.
Mas, não!
Queria que apenas me desse
teu vinco, tua pena, tua esperança...


Enquanto te espero, descansas
Sendo aquilo que me condena.
É o tema do meu poema:

- Morte que vem serena.

Nenhum comentário:

Postar um comentário