sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Ele

Ele zombava dos poetas
Ele não cria em psicólogos
Nem profetas, nem santos, nem prozac
Ele não ria das agruras dos homens
Nos bolsos, dolores. Na pele, olores.
Em falta, dólares e amores.

Ele não compreendia os encontros e desencontros:
suspeitava do acaso amoroso, dos encontros banais
e dos bajulados beijos de balada
valem nada, me dizia 
Corpos iguais, rostos iguais,
cabelos, vozes, temas
iguais.

Ele buscava significados.
Ele nada significava.

O homem na rua
Buscava a calçada
A cada passo
Ela se afastava
Cuidado, homem:
O farol abriu
Hora de bailar
Ziguezagueando carros
como a guerrilha urbana no Brasil.

Ele era triste
Ele, sério
A barba escondia seu rosto torpe
e sua vida burguesa
estúpida
como as pernas de Teresa.

Um dia, um belo dia
Ele morreu.

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