quarta-feira, 12 de março de 2014

O teu dorso é cinzeiro

O teu dorso é cinzeiro
Meus sonhos são brasas
Meus restos sem casa
Sonhos, gozos, asquerosos.

Despetalando o teu corpo,
Minhas mãos de tesoura
Arrancam tua pele e
Podam teus desesperos.

Lambeijando teus seios
Arrancando suspiros e arreios
Testa, orelha, pescoço, osso, quadril
Começo em tua boca
Termine, beibe -" onde já se viu?"

No teu bruço, moça,
O meu brusco e obtuso amor
Nossas dores, nossas cores
E mil e uma noite de amores!

Amor de boite, de butique,
Alambique pródigo cúbico
Dístico arrítmico levítico
Nossos quadris atômicos.

Diz-me frequentemente
" você não existe!"
Jogando-me na dúvida metafísica.

Oh artista do amor!
Oh pele adocicada!
Por que faz isso comigo?
Ainda que rejeitado, antes era!

Desejando meu sexo seco
E meu carinho aguado
Faz-me esquecer meu amor passado
E embriaga meus lábios com teu mel ardente

Ah, se o teu dorso fosse um só
Talvez fosse feliz
Mas assim como eu, não existe.

O teu dorso é cinzeiro,
Pura invenção!
Você são várias e ninguém
Em quem eu curo o meu porre
e minha solidão.



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