terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Aforismo

Algo me assombra toda vez que vejo um novo monumento erguido mais de mil pés sobre a minha cabeça. A última vez que isto ocorreu foi num passeio noturno - e solitário - pela paulista. Em épocas anteriores, as criações arquitetônicas monumentais, em sua maioria, estavam umbilicalmente ligadas à religião, de maneira que as pirâmides, as igrejas, etc. funcionavam como elementos de um rito que trouxesse unidade a uma comunidade qualquer. Hoje, observando os monumentos contemporâneos, conseguimos observar como o imperativo do capital substitui até mesmo a significação unitária do mito religioso. Constroem-se imensos prédios, shoppings e até Trade Centers, entulhando até a boca de simbolismos e otras cositas más, pedaços de concretos mortos e insignificantes que reproduzem ampliadamente a própria reificação. Eis mais um aspecto do Capitalismo como religião: essa unidade imposta de fora, esse conformar-se a algo que não somos, essa impossibilidade do próprio belo artístico pleno - e consciente - de sentido, é a própria morte do medo da morte. E quando se não tem medo da morte, nada a diferencia desta nossa vida medíocre, controlada e docilizada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário